Sawt Falasteen - Presidente sírio retira tropas de Sweida para evitar 'guerra aberta' com Israel

Presidente sírio retira tropas de Sweida para evitar 'guerra aberta' com Israel
Presidente sírio retira tropas de Sweida para evitar 'guerra aberta' com Israel / foto: Bakr ALKASEM - AFP

Presidente sírio retira tropas de Sweida para evitar 'guerra aberta' com Israel

O presidente da Síria, Ahmed al Sharaa, afirmou que deseja evitar uma "guerra aberta" com Israel e ordenou a retirada, nesta quinta-feira (17), das tropas governamentais de Sweida, delegando aos drusos a tarefa de manter a segurança na região, após os confrontos que deixaram centenas de mortos.

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Israel bombardeou a Síria depois dos confrontos entre drusos e tribos beduínas que começaram no domingo e ameaçou intensificar os ataques, caso o governo sírio não retirasse as tropas desta província no sul do país.

Com a retirada das tropas do governo, os habitantes saíram às ruas e verificaram a destruição na cidade. Um fotógrafo da AFP observou 15 cadáveres no centro de Sweida, mas não conseguiu verificar se eram civis ou combatentes.

O Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH), uma ONG com sede no Reino Unido e com uma ampla rede de fontes no território sírio, afirmou que os confrontos deixaram mais de 370 mortos, incluindo 27 civis vítimas de "execuções sumárias" pelas forças de segurança.

A violência ilustra os desafios enfrentados pelo governo interino de Al Sharaa, o líder islamista de uma coalizão de rebeldes que derrubou o presidente Bashar al Assad em dezembro, após quase 14 anos de guerra civil.

Os confrontos começaram no domingo entre as tribos beduínas sunitas e os combatentes drusos, depois do sequestro de um comerciante de verduras druso nesta cidade do sul do país, reduto desta minoria.

O governo sírio enviou suas forças à região na terça-feira para tentar restabelecer a ordem, mas uma ONG, testemunhas e grupos locais as acusaram de cometer execuções de civis e saques.

O líder islamista afirmou em um discurso exibido na televisão na madrugada de quinta-feira que deu "prioridade ao interesse dos sírios, em vez do caos e da destruição" e pretende evitar "uma nova guerra de grande alcance".

Membros das forças do governo informaram a um correspondente da AFP que receberam a ordem de deixar Sweida pouco antes da meia-noite e que completaram a retirada durante a madrugada.

Hostil a qualquer presença militar síria perto de sua fronteira, Israel bombardeou Damasco na quarta-feira, incluindo ataques contra o quartel-general do Exército e outras áreas do país vizinho.

Israel defende que atuou para proteger os drusos, uma minoria que é um braço do xiismo, mas considerada como uma corrente esotérica, que também está presente no país.

O presidente sírio anunciou que "as facções locais e os xeiques drusos" assumirão a responsabilidade pela segurança em Sweida.

Antes da guerra civil, iniciada em 2011, a comunidade drusa na Síria era de 700.000 pessoas, a maioria delas concentradas em Sweida.

- Mediação dos Estados Unidos -

Em seu discurso, Al Sharaa prometeu que vai exigir uma prestação de contas pelas agressões contra o "povo druso, que está sob a proteção e responsabilidade do Estado".

"O Estado sírio interveio para acabar com os confrontos entre os grupos armados de Sweida e as regiões vizinhas", assegurou.

O presidente sírio também condenou Israel por recorrer a "um ataque em larga escala contra instalações civis e governamentais" em seu país, alegando que isso complicou a situação.

Também elogiou "a intervenção eficaz da mediação americana, árabe e turca (...) que salvou a região de um destino incerto".

O secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, anunciou na quarta-feira que os dois lados concordaram com "passos específicos que acabarão com esta situação preocupante e horrível". Pouco depois, o Exército sírio anunciou a retirada de Sweida.

Embora seja o principal aliado de Israel, o governo dos Estados Unidos também busca uma aproximação com as novas autoridades sírias, apesar do passado jihadista de seu líder, com quem Donald Trump se reuniu em maio.

O governo interino sírio prometeu proteger as minorias do país, caracterizado por sua diversidade, mas os confrontos ou incidentes como o massacre de alauitas, a comunidade à qual pertence Assad, provocam dúvidas sobre sua capacidade de controlar a situação.

C.AbuSway--SF-PST