-
Ataque a tiros em universidade dos EUA deixa 2 mortos e 8 em estado crítico
-
Gabriel Jesus brilha em vitória do líder Arsenal; Liverpool vence e alivia crise
-
Gabriel Jesus brilha em vitória ao líder Arsenal; Liverpool vence e alivia crise
-
Bayer Leverkusen bate Colônia e volta a vencer no Campeonato Alemão
-
PSG vence lanterna Metz e sobe para liderança do Francês
-
Civil e soldados americanos morrem em emboscada na Síria
-
Com 2 de Raphinha, Barcelona vence Osasuna e segue firme na ponta do Espanhol
-
Flamengo vence Pyramids (2-0) e vai à decisão da Copa Intercontinental
-
EUA retira acusações contra ex-executivo argentino da Fox vinculado ao Fifagate
-
Belarus liberta líder da oposição Maria Kolesnikova e Nobel da Paz Ales Bialiatsky
-
Liverpool vence Brighton e alivia crise; Chelsea bate Everton
-
A odisseia de María Corina Machado para sair da Venezuela
-
Visita de Messi a estádio na Índia termina com tumulto entre torcedores
-
Onda de criminalidade impulsiona ultradireitista à presidência do Chile
-
Onda de criminalidade impulsiona ultradirestista à presidência do Chile
-
Enviado dos EUA se reunirá com Zelensky e líderes europeus em Berlim
-
Camboja fecha passagens de fronteira com Tailândia devido a confrontos mortais
-
Europa tem políticas migratórias mais seletivas e fronteiras menos permeáveis
-
EUA revela detalhes da ordem de apreensão de petroleiro na costa da Venezuela
-
Junta militar birmanesa nega ter matado civis no bombardeio de um hospital
-
Enviado especial dos EUA se reunirá com Zelensky e líderes europeus neste fim de semana em Berlim
-
Camboja acusa Tailândia de novos bombardeios após trégua anunciada por Trump
-
Opositora venezuelana Corina Machado apoia maior pressão sobre Maduro
-
Democratas publicam fotos de Epstein com Trump, Bill Clinton e Woody Allen
-
Juiz da Bolívia condena ex-presidente Arce a 5 meses de prisão preventiva
-
ELN ordena confinamento de civis na Colômbia ante ameaças de Trump
-
Nantes é goleado na visita ao Angers (4-1) e segue na zona de rebaixamento do Francês
-
Union Berlin vence Leipzig (3-1), que pode perder vice-liderança do Alemão
-
Charles III anuncia que tratamento contra o câncer será reduzido em 2026
-
Flamengo enfrenta Pyramids, de Mostafa Zico, em busca de vaga na final do Intercontinental
-
Esquerda convoca protestos contra redução da pena de Bolsonaro
-
Democratas publicam fotos de Epstein com Trump, Clinton e Woody Allen
-
EUA suspende sanções contra ministro do STF Alexandre de Moraes
-
Trump diz que Tailândia e Camboja concordaram em encerrar combates
-
Cuba admite 'impacto direto' após apreensão de petroleiro na Venezuela
-
Presença de governadores e prefeitos colombianos em Washington provoca reação de Petro
-
Novo chefe assume Comando Sul dos EUA para América Latina e Caribe
-
Guerrilha ELN ordena confinamento de civis na Colômbia ante ameaças de Trump
-
Irã prende Narges Mohammadi, ganhadora do Nobel da Paz
-
Guatemala se desculpa por desaparecimento forçado de ativistas indígenas em 1989
-
Salah é relacionado para jogo do Liverpool contra o Brighton
-
Lula fala por telefone com Maduro sobre 'paz' na América do Sul
-
F1 visita Barranquilla para avaliar possibilidade de sediar GP, diz prefeito
-
Messi vai inaugurar estátua de 21 metros de altura em sua homenagem na Índia
-
Espanha pede que UE mantenha veto à venda de carros com motor à combustão a partir de 2035
-
Taylor Swift chora em documentário ao lembrar do assassinato de meninas na Inglaterra
-
Plano dos EUA contempla adesão da Ucrânia à UE em 2027
-
Mohammed Ben Sulayem é reeleito presidente da FIA
-
Ruanda está levando região da África Oriental para a guerra, diz EUA na ONU
-
Jara x Kast, duas visões da mulher e da sociedade no Chile
Renascer em um salão de tatuagens: quando a tinta cura feridas do tráfico sexual nos EUA
O sete tatuado na perna esquerda de Emily é uma ferida aberta. Uma lembrança constante, dolorosa, dos 17 anos nos quais foi vítima de tráfico sexual. Um selo imposto pelo homem, com quem seu pesadelo começou.
Um dia, esse cafetão obrigou Emily e outras mulheres a tatuarem esse número. Era uma forma de marcá-las, de mostrar que lhe pertenciam, uma prática comum entre os traficantes.
Em um estúdio de tatuagem na Flórida, Emily (pseudônimo) espera ansiosamente que esse traço do passado seja substituído por um desenho que ela escolheu: um coração e uma cruz.
A empresa, onde trabalham três mulheres, aceitou o convite da ONG Selah Freedom para ajudar vítimas de exploração sexual a apagarem as marcas de seus agressores.
Sentada em uma mesa, Emily olha para sua tatuagem. Ele tem 44 anos e está ausente do negócio de jardinagem da família. O quarto é espaçoso e luminoso. Paredes brancas, um espelho e uma planta. Uma pintura emoldurada de borboletas.
Tudo está pronto. A dona do salão, Charity Pinegar, de 40 anos, traça com cuidado o contorno do coração e da cruz.
Uma tatuagem conta uma história, e a de Emily é triste. Ou assim foi por muito tempo. Começa com uma infância traumática, sem afeto, que prejudica sua autoestima e cria um vazio.
"Desde então eu só queria ser amada", desabafa. "Mesmo que alguém me machucasse, isso mostrava que se importavam. E eu caí nos braços de todas as pessoas erradas".
Uma dessas pessoas, o responsável por sua tatuagem, pediu-lhe anos atrás que deixasse a Flórida para morar com ele em outro estado. Emily se apaixonou e o seguiu. Eles iriam se casar, ela estava convencida disso.
Quando entendeu que seu namorado era um cafetão, já era tarde. Foi agredida e viu-o obrigando outras mulheres a se prostituírem. Foi seu primeiro contato com o que as sobreviventes do tráfico sexual chamam de "a vida".
Emily escapou desse confinamento, porque encontrou um emprego e, sobretudo, porque fugiu a tempo com a ajuda da família. Mas o dano foi feito.
Esse episódio deu início a uma existência marcada por homens violentos. Homens que venderam seu corpo e lhe deram as drogas com as quais ela acreditava estar fugindo da realidade.
"Fui fisgada e estava mais ou menos disposta a fazer tudo o que me pediam", diz ela.
- Desumanizar -
Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), em 2021 havia 6,3 milhões de vítimas de exploração sexual. Quatro em cada cinco eram mulheres, ou meninas.
Os Estados Unidos não têm estatísticas oficiais a esse respeito. O mais próximo disso são os dados do número nacional contra o tráfico de pessoas: em 2021, recebeu 7.500 chamadas para denunciar casos de tráfico sexual.
Desde 2011, Selah Freedom ajudou mais de 6.000 vítimas na Flórida. Seu programa de dois anos inclui terapia psicológica, alimentação, vestuário, hospedagem e treinamento profissional.
E inclui, ainda, a substituição das tatuagens impostas a essas mulheres para "desumanizá-las", explica sua diretora, Stacey Efaw.
Breanna Cole, de 29 anos, conhece muito bem o trabalho da ONG porque, antes de trabalhar nela, era uma de suas beneficiárias.
Uma infância infeliz, com um pai ausente, fez Breanna buscar fora de casa o amor que não encontrava em casa. Aos 13 anos, apaixonou-se por um garoto violento, com quem descobriu as drogas. Para financiar seu vício, ele começou a explorá-la sexualmente. Foi o primeiro a fazer isso.
"Ele me dizia: se você me ama, você vai fazer", lembra.
Os anos seguintes foram uma descida ao inferno das drogas intravenosas, da vida nas ruas, sem um teto. Teve vários outros relacionamentos, e em todos foi explorada.
Em 2016, ela conheceu a Selah Freedom, mas não estava pronta para lutar contra o vício. Um ano depois, entrou no programa.
"Cheguei a esse ponto de ruptura. Estava destruída espiritualmente e sabia que tinha que mudar de vida, ou que ia morrer", acrescentou.
A terapia fez Breanna entender que havia sido vítima de tráfico sexual. Também ensinaram a ela que merecia ser salva e que, talvez, pudesse ajudar outras mulheres.
- "Estou viva" -
Pinegar descobriu o vínculo entre tatuagens e exploração sexual apenas alguns meses atrás, enquanto tatuava uma funcionária da Selah Freedom. Quando a ONG perguntou se queria ajudar, concordou imediatamente.
Sob a luz branca de uma luminária de teto, a tatuadora se concentra no coração. Ela preenche-o lentamente com tinta preta. A agulha perfura a pele de Emily, que aperta os dentes.
Seu destino mudou em 2020 quando foi resgatada por um policial e ele levou-a para a ONG. Lá, Emily começou a curar suas feridas, a se reconectar com os demais.
"Muito desconfortável se acostumar com alguém que goste de você sem esperar nada em troca", lembra ela.
O processo permitiu que ela fizesse as pazes com sua família e conhecesse o amor. Agora, é casada e tem filhos. Conta isso alternando risos e choros, com os nervos à flor da pele.
Pinegar acabou. Limpa a tatuagem com gaze e cobre com filme transparente. Emily observa com medo, como se o número sete ainda estivesse ali. Ela fica em silêncio por alguns segundos e diz: "Sinto que estava morta e agora estou viva".
U.Shaheen--SF-PST