Sawt Falasteen - Trump mantém pressão na cúpula da Otan, que ratificará sua demanda de gastos

Trump mantém pressão na cúpula da Otan, que ratificará sua demanda de gastos
Trump mantém pressão na cúpula da Otan, que ratificará sua demanda de gastos / foto: Claudia Greco - Pool/AFP

Trump mantém pressão na cúpula da Otan, que ratificará sua demanda de gastos

Cercada de conflitos, a Otan se prepara para oficializar o drástico aumento de gastos com a Defesa, exigido pelo presidente americano, Donald Trump, que criticou, nesta terça-feira (24), a negativa da Espanha de cumprir a meta de investir 5% de seu PIB.

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Após anunciar um cessar-fogo entre Israel e Irã, o republicano chegou a Haia a tempo de participar de um banquete oferecido pelo rei holandês Willem-Alexander aos 32 líderes da Aliança Atlântica.

Trump aproveitou as curtas declarações que deu à imprensa a bordo do Air Force One para pressionar seus parceiros europeus em seu ponto mais sensível: o artigo 5 do Tratado de Washington, que obriga toda a organização a defender um país-membro em caso de ataque.

"Depende de sua definição. Há muitas formas de definir o artigo 5", disse o presidente, em resposta a uma pergunta sobre seu compromisso com a defesa mútua.

Trump criticou a Espanha, que não quer ir além de 2,1% e argumenta que uma meta de 5% a obrigaria a aumentar impostos e sacrificar seus gastos sociais.

"Estão tendo um problema com a Espanha", disse o republicano no avião. "A Espanha não está de acordo [com o aumento dos gastos para 5%], o que é muito injusto para o resto" da Aliança.

É que Donald Trump, cujo país aportou no ano passado 62% do total de gastos de Defesa da Otan, exige que os membros europeus e o Canadá aumentem seu investimento no setor para 5% do PIB nacional daqui a dez anos.

Caso contrário, ameaça não dar assistência em caso de agressão aos "maus pagadores", além de reduzir sua presença militar em um continente sacudido pela invasão russa da Ucrânia.

A caminho dos Países Baixos, o presidente americano também publicou em sua plataforma, Truth Social, uma mensagem elogiosa do organizador da cúpula, o secretário-geral da Otan, Mark Rutte.

"Parabéns e obrigado por sua ação decisiva no Irã, que foi realmente extraordinária (...) Agora você está voando rumo a outro grande êxito em Haia esta noite. Não foi fácil, mas conseguimos que todos consentissem com os 5%!", escreveu Rutte a Trump, em uma mensagem cuja autenticidade foi confirmada para a AFP.

"A Europa pagará ALTO, como deve fazer, e esta vitória será sua", acrescentou Rutte na mensagem a Trump.

"Não estamos fazendo isso, como alguns sugerem, para agradar os Estados Unidos e seu presidente", relativizou, usando um tom diferente, o chefe do governo alemão, Friedrich Merz, em Berlim.

"A Rússia, mais que nenhum outro país, ameaça ativa e agressivamente a segurança" da Europa, destacou.

O aumento que se avizinha é extraordinário, pois em 2024, segundo dados da Aliança, o gasto médio com a Defesa entre os membros europeus e o Canadá foi de 2%, a meta dominante até agora. Washington investiu 3,2%.

Para abrir a via para este processo que depende de consensos, orçamentos e aprovações legislativas, a meta de 5% em 2035 se constitui de duas partes.

A primeira de 3,5% para gastos militares em sentido estrito, à qual se soma 1,5% em investimentos em áreas como cibersegurança, infraestruturas e proteção de fronteiras, úteis tanto para fins civis quanto militares.

- Um respiro para Zelensky -

 

Trump e Zelensky devem, a princípio, reunir-se na tarde de quarta-feira em Haia, o que dará destaque ao líder ucraniano, que os organizadores não incluíram na sessão plenária de quarta para evitar um embate com o americano, como o que ocorreu em fevereiro na Casa Branca.

Nesta terça-feira, quando esperavam por Trump, os líderes europeus e o próprio Rutte deram espaço a Zelensky em um evento paralelo sobre a indústria da Defesa.

"Continuaremos dando pleno apoio à Ucrânia e pressionando a Rússia. O 18º pacote de sanções está a caminho", disse o presidente do Conselho Europeu, António Costa.

"A Europa da Defesa enfim acordou", comemorou a presidente da Comissão, Ursula von der Leyen, fazendo um balanço da recente criação de dois mecanismos que devem mobilizar 800 bilhões de euros (cerca ade R$ 5 trilhões, na cotação atual) nos próximos anos em investimentos e créditos destinados ao setor.

"Acreditamos que 5% é o nível correto", afirmou Zelensky.

"Aqui você está entre amigos", disse-lhe von der Leyen.

- Espanha propõe 2,1%, "nem mais, nem menos" -

Gentilezas à parte, uma das grandes dúvidas para a quarta-feira é a adequação em definitivo que se dará à posição da Espanha, o país com o menor investimento proporcional no ano passado - 1,24% de seu PIB.

O chefe do Executivo espanhol, Pedro Sánchez, cujos aliados de governo são contrários a um maior gasto com a Defesa, afirmou no domingo que seu país gastará 2,1% - "nem mais, nem menos".

Nesta segunda, ele publicou uma carta de Rutte, na qual o holandês assegurou que a cúpula concederá à Espanha uma "flexibilidade" sobre seus gastos.

Rutte tem dito desde então à imprensa que não há cláusulas de exceção, mas fontes do governo espanhol insistem em que Madri vai ratificar a posição comum, desde que se respeite esta flexibilidade.

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K.Hassan--SF-PST